sábado, 11 de dezembro de 2010

rest in peace !


"Tu e eu temos de permeio
a rebeldia que desassossega,
a matéria compulsiva dos sentidos.
Que ninguém nos dome,
que ninguém tente
reduzir-nos ao silêncio branco da cinza,
pois nós temos fôlegos largos
de vento e de névoa
para de novo nos erguermos
e, sobre o desconsolo dos escombros,
formarmos o salto
que leva à glória ou à morte,
conforme a harmonia dos astros
e a regra elementar do destino."

amo-te meu pequenino ! um dia irás ter um texto em tua memória como mereces, mas por enquanto a dor abafa as palavras e as lágrimas cegam o olhar. tenho-te sempre no meu coração bii , love you.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

strength.

“Existiu sempre dentro de mim uma força que me impeliu na tua direcção. Chama-lhe intuição ou teimosia, chama-lhe carência ou vontade, chama-lhe loucura ou sabedoria, chama-lhe desejo ou protecção, porque nessa força imensa e agora paralisada pelo teu silêncio havia um pouco de tudo. E o amor é feito de mil e um pequenos nadas que são tudo, ou quase tudo. Uma força quase sobrenatural, uma vontade acima da minha vontade, que sobreviveu semanas, meses, alimentada a sonhos e migalhas, porque antes e depois da vida há o sonho e o sonho pode sobreviver a tudo, até à morte."

(MRP)

domingo, 7 de novembro de 2010

there is no such thing as happy endings.


quarta-feira, 21 de abril de 2010

Nas nuvens ...


No mundo das impossibilidades, das limitações, do finito, do real, encontramos um espaço só nosso onde tudo se torna possível.

Neste mundo dos sonhos os nossos mais profundos desejos dão asas à sua liberdade, tornam-se tão concretos como as coisas palpáveis do dia-a-dia, e envolvem-nos de tal forma que quando acordamos nem queremos acreditar que tudo não passou de um sonho.

Nem sempre conseguimos sonhar com aquilo que mais queremos, por vezes somos consumidos por pesadelos que nos amedrontam e nos alertam para os medos que diariamente tentamos ignorar. Mas esses são os sonhos inconscientes que não conseguimos evitar. Já quando sonhamos acordados tudo é diferente. Podemos controlar o rumo da imaginação, podemos mudar os acontecimentos a qualquer momento, deixamo-nos levar para longe de tudo, para um lugar onde o querer é poder. E é aí onde o centro do mundo somos nós. Uma junção de toda a nossa vontade e de todos os nossos desejos que formam um conjunto de imagens mentais, que serão os objectivos que pretendemos atingir, mas ao mesmo tempo um sonho distante de alcançar.

Cada vez que fecho os olhos consigo abstrair-me de tudo aquilo que me rodeia. Desligo todos os sentidos: o tacto, o olfacto, a visão, o paladar, audição. Deixo de tentar comunicar com o mundo e procuro encontrar-me comigo mesma, e é quando me sinto em plena harmonia que consigo pensar sem dor. Trago à mente memórias que no meus estado normal me perturbariam mas, enquanto estado de espírito, sem corpo, coração ou sentidos, não me afectam, pois nesse momento sou unicamente um ser racional sem qualquer tipo de sentimentos.

Por enquanto só me resta viver com estes pensamentos que, de forma alguma, vão atenuando a imensa vontade de ser algo diferente que com o tempo me vai consumindo os dias e atormentando as noites e roubando a pequena quantidade de alegria que me resta.

Sara Santos.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

In Loving Memory

É um Sábado à tarde.
Estou sentada num muro a olhar para uma parede cinzenta como se esperasse que de repente acontecesse algo de extraordinário. As nuvens cinzentas no céu e o vento gélido que sopra sem pudor anunciam a aproximação de uma tempestade. Os pés balançam compassadamente como se quisessem tocar na relva verde e húmida e os olhos fixam-se nas corajosas aranhas que trepam instintivamente a parede numa luta pela sobrevivência. Fogem sem saber o porquê daquela fuga, sem saber o que aí se aproxima, sem saber o que lhes poderá acontecer depois. Fogem porque foram programadas para fugir assim que o perigo se aproxima. Não fogem por medo como os homens, não se acobardam dentro de um buraco à espera que o perigo passe enquanto outros se sacrificam por eles, só fogem porque nunca lhes deram a possibilidade de escolher. A vida é assim, viver para não morrer. De repente apetece-me ser uma aranha. Deixaria de ligar aos problemas estúpidos que o Homem inventa só para se manter ocupado a pensar numa solução para algo que ele próprio sabe que não tem remédio possível. Passaria a ter um só objectivo: viver para não morrer. Deixaria de ter medo de enfrentar os fantasmas do passado, deixaria de recear as escolhas que diariamente tenho de fazer, deixaria de andar atrás de algo inalcançável como a felicidade e passaria o resto do meu tempo atrás daquilo que me poderá manter viva. Porque é assim eu estou agora, presa à vida por batimentos de algo que congelou emocionalmente. Mas ao contrário das aranhas, eu continuo a padecer dos males que foram lançados no mundo, a poder sofrer, a ter medos, a ter a liberdade e a capacidade de pensar que subitamente se estão a tornar em algo comprometedor à calma necessária para o bem-estar mental de um ser.
“Feliz? Mas quem é que é feliz? E quem é que quer ser feliz? A felicidade é a coisa mais irritante do mundo, uma utopia idiota e hipócrita, inventada por um cretino qualquer. A felicidade é uma coisa insuportável, um mito incómodo que só serve para nos fazer sentir ainda mais infelizes.”
Se ao menos fosse possível meter tudo isto de novo dentro da caixa de Pandora, tudo mudaria. O mundo tornar-se-ia num local pacífico, e eu poderia voltar a sorrir sempre que acordava, sem medo de ser possuída pelo fantasma que vive agora na minha alma, sem receio de ficar com as pernas entorpecidas quando me pedem para enfrentar os meus medos. Voltaria a ter vontade para tudo, deixaria de ser alérgica ao amor e viveria por alguém, alguém que me pudesse dar aquilo que eu quero, pois eu não quero ser feliz, só quero ter alguém de quem goste e que goste de mim. Isso basta-me.
Subitamente saio do transe que me fez evadir em pensamentos e dogmas sobre as injustiças da nossa existência e volto a fixar o olhar na pequena aranha que acabou de cair da parede. Tanto trabalho para tentar atingir o buraco onde se iria refugiar até ao mau tempo passar e quando estava quase lá, caí ficando meia atordoada no chão. Mas ela é uma aranha, não se deixa ficar com uma simples queda, não foi feita para esperar pela morte de braços cruzados por isso rapidamente se recompõe e volta a escalar a parede como se nada tivesse acontecido. Secalhar é por isso que eu nunca poderei ser uma aranha. Se algo me corre mal eu volto as costas e espero que uma onda de sorte faça com que tudo mude. Falta-me, talvez, o instinto de sobrevivência que a arrogância da liberdade do Homem não deixa possuir.
As primeiras gotas de chuva caem timidamente sobre no meu rosto. A tempestade começou. Olho para a aranha e vejo-a trepar a parede desesperadamente tentando chegar ao buraco antes que seja tarde demais. Quem me dera poder ajudá-la, mas algo me diz que não devo tentar mudar aquilo que está destinado a acontecer. Desço o muro e pego no pequeno ramo de flores campestres acabadas de colher e dirijo-me para a berma da estrada. Olho para os carros e uma súbita raiva cresce dentro de mim. Foi por causa desta arrogância do ser humano que eu te perdi, mas não partiste logo. O teu instinto de sobrevivência ainda te deixou ficar o tempo necessário para te despedires. Quando chegou à altura partiste. Já sabias o que te esperava e o teu instinto dizia que tinhas de ficar longe nestes teus últimos dias, pois não há pior dor do que a dor da perda de alguém.
A chuva começa a cair fortemente, mas estou paralisada no meio das tuas recordações. Sento-me no passeio e deposito as flores na berma da estrada onde viste o fim da tua vida chegar. Depois, escondo a cabeça entre os braços e choro muito, com muitas saudades tuas.

In Loving Memory,


By, Sara Santos.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Multidões. Os encontrões, a marcha lenta, o desespero para chegar rapidamente ao destino pretendido fazem-te suar e resmungar entre dentes. Caras mal-humoradas, com profundas olheiras do acumular de noites mal dormidas. Problemas, montes de problemas reflectidos em cada olhar que te fixa numa tentativa de fechar a mente para o seu mundo ao qual fazem frente todos os dias e pelo qual lutam para que as trevas não o possuam de uma vez por todas. Egos rebaixados, auto-confiança destruída, cabeças baixas que fogem da vergonha e da censura da sociedade em que vivemos.
Caminho sobre as pedras da calçada, sobre a multiplicidade de pedrinhas irregulares pretas e brancas, contando cada passo com vontade que seja o último. Submersa no interior da minha mente deixando-me levar para as profundezas do coração penso com veemência naquilo que me leva todos os dias o pensamento para longe, muito longe das coisas boas que nos rodeiam. Quem nasce com azar, viverá e morrerá com azar, adquire o dom de atrair todos os problemas e é sempre o culpado por tudo de mal que acontece. Têm tudo para serem brilhantes, grandiosos, memoráveis, mas o surto de azar a que estão premeditados nunca lhes permitirá serem aquilo que poderiam verdadeiramente vir a ser. Acomodados ao seu destino vivem numa permanente bolha de tristeza. Estão rodeados pela felicidade dos outros e servem-se dela para se sentirem vivos. Põem tudo aquilo que são no mínimo que fazem só para agradar àqueles que mais amam, são bons conselheiros, bons amigos e dão tudo em prole dos outros. Todos os dias são confrontados com erros passados sujeitando-se a humilhações constantes e sentindo-se cada vez mais desiludida com aqueles a quem chamava amigos. É preciso uma pessoa para cometer uma asneira, mas são precisas muitas pessoas para cometer uma asneira das grandes. A personalidade das pessoas é demonstrada em cada atitude, em cada gesto, em cada acção, por isso antes de se falar do carácter dos outros deve-se olhar para si mesmo e reflectir profundamente. Certamente veriam que não são tão grandiosos nem tão perfeitos como pensam, até talvez teriam tanto nojo da sua personalidade que nunca mais pensariam em criticar o que quer que seja.
Pequenas acções podem causar grandes tristezas.
Tudo à minha volta me faz suspirar e acaba por me tornar na super-mulher que tento todos os dias ser. Não vivo de egoísmos, talvez seja altruísta porque a felicidade dos outros acaba por ser a fonte da minha felicidade também. Não tenho escolha, e assim ao menos luto por algo que traz a felicidade não a uma, mas a muitas pessoas.
Hoje sinto-me como uma super-mulher com o fato rasgado. Era essa capa superficial que me tornava capaz de mudar as coisas e trazer de volta a alegria e a esperança onde ela se está a desmoronar, mas hoje não fui capaz disso. Não sei até que ponto esta incapacidade me pode fazer desesperar. Todavia procuro o equilíbrio e a calma para organizar a mente e procurar uma solução para estes problemas. Custa-me mas vou ter de aprender a viver com isto, ao menos sinto que continuo viva, sei que o bater do meu coração não és tu com o martelo a tentar despedaça-lo, mas sim um pulsar de amor e conforto que me habituei a dar devido às inevitabilidades da vida.
Habituei-me à tua ausência, sei que nunca te perdi porque na realidade nunca te cheguei a ter, mas uma espécie de ilusão típica das mulheres fragilizadas fez-me acreditar que alguma vez pudesses ser meu, o teu silêncio tornou-se na sombra que me acompanha todos os dias e ao qual tive que me habituar. Agora só me resta o desejo de poder libertar-me de ti de uma vez por todas.
Os olhos são o espelho da alma, espelhos brilhantes incapazes de ficarem embaciados, são eles que reflectem o sentimento mais profundamente oculto e acreditem ou não nunca nos mentem. Por vezes deixam escapar o que não conseguem aguentar, porque um coração despedaçado facilmente deixa sair todo o amor que lhe foi dado.
Se calhar já não te lembras de mim, esqueceste-te do meu nome, do meu toque, do meu sorriso, da minha voz … esqueceste-te de mim porque não te convinha lembrares-te de que antes de ser a mulher que dizias “amar” eu fui a pessoa que mais te apoiou quando mais precisaste, fui a amiga sempre presente, leal e honesta que te ajudou sem alguma vez te pedir algo em troca. Talvez tenha sido a cobardia que estragou tudo, e depois do fim só te restava esquecer que apesar de tudo acabaste por fazer aos outros aquilo que nunca quererias que te fizessem a ti. Não sei até que ponto o amor de uma mulher pode ser diferente do dos homens, só sei que a partir do momento em que se prendem a ele nunca mais o conseguem largar. Ficamos agarradas àquelas memórias que nos fazem sentir que já fomos amadas um dia, por mais mentira que esse amor tenha sido. Já não consigo sentir como dantes o toque dos teus lábios, só me lembro do frio do primeiro beijo que me fez arrepiar como me fazias com o teu olhar penetrante mas ao mesmo tempo tão encantador e abandonado.
Tenho que parar com este vício de te ir buscar à secção dos reservados, porque tu agora não passas de um livro de recordações que me proibiram de ler mas que todas as noites me faz quebrar uma série de regras só para poder adormecer com a tua imagem nos meus braços, como eu sempre sonhei ter.
Agora, a cada lembrança inesquecível tua aumentam as lágrimas de sangue que me escorrem pela face, cruzam-se no fio de mágoa que é o tinteiro, a folha e a pena das palavras que nunca te direi.

sahara santos